terça-feira, 6 de outubro de 2009

Há uma precisão cirúrgica na descrição dos elementos da narrativa que compõem o que escrevo, bem como, a maestria com que certas emoções se auto- descrevem.Os protagonistas e seus prováveis arquétipos rondam impiedosos a realidade “real” e ficcional as quais, essas palavras nos conduzem. Essas palavras, servem, talvez, pretenciosamente como um alerta para os leitores desavisados e contaminados pela visão simplista e taxativa com que alguns de nós, estamos acostumados a interpretar e ousadamente definir tal exercício interior. As palavras que tenho em mãos conduzem para o interior desnudo de si mesmas e expressam a relação estabelecida com o meu universo e comigo – sempre viscerais, instigantes. Reflexos, na verdade, da condição excludente, da violência urbana, da estética travestida de realismo, onde, de fato, não há espaços para piedade ou auto comisseração, mas sim, para a evidência e prova cabal das constatações, fobias e ânsias emocionais. Definitivamente não ficamos à deriva, na verdade, estamos em alto mar, estamos na iminiência de presenciar e constatar nossos medos, nossas loucuras absurdamente controladas e socialmente aceitas ou negadas. Ler-me é encontrar-se com a minha fala interior, escarrada e desprovida de todo e qualquer pudor, é, em síntese um soco no estômago. É, de fato um realismo fantástico que difere do autor mas quando lido, entretanto, é autoral nos espreitando silencioso , pronto para revelar o inusitado, pronto para despertar nossos monstros mais sagrados.

Gilbert Antonio
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