Certos sonhos já se foram,
Certos amores já terminaram,
Certas palavras jamais deveriam ser ditas,
Certos amigos já não são assim tão amigos,
Certas mentiras já se tornaram verdades,
Certas verdades já não servem mais para nada,
Certas impressões já viraram meras especulações,
Certas obviedades retomaram suas insuspeitas especulações,
Certos desejos são, via de regra, apenas desejos - são pequenas contingências para justificar seus atos e suas respectivas possibilidades de realização.
Certos momentos são noites em plena luz do dia,
Certas saudades nos matam e constatam o que sempre soubemos: eram saudades apenas...
Certos encontros são desencontros assumidos,
Certos reencontros são pura expiação, expressão e revelação de dores, dissabores e desamores,
Certas verdades prescindem de explicação e comprovação - Nascem e morrem sem jamais comprovarem sua própria existência,
Certos homens são só espécimes - produzem lixo orgânico e comprovam sua existência inútil,
Certas mulheres, só existem porque acreditam em suas próprias mentiras justificadas,
Incertas certezas explicam embora, não justificam minhas palavras lavradas à sangue, poesia e constatação,
Certo, então dessa incerteza, refaço caminhos e recrio um novo começo. Para tal, não há e tampouco é necessário irrefutáveis justificativas, pois assim caminha a humanidade e assim, segregados em nossos próprios sonhos, calabouços e fantasmas escrevemos a própria história.