Gilbert Antonio
Word Maker
Do meu reino sagrado e absoluto te escrevo...
Daqui onde é doce ser beijado...
Deste coração nevrálgico, feito fruta madura, vermelha, sendo devorado a cada dentada te oferto um pedaço, te convido para que te fartes e para que sentes à mesa igualmente...
Comungo comigo dias melhores...
Invada minha casa...
Abra as janelas...
Solte as malas...
Venha para mim não apenas porque te desejo em mim, mas por saberes merecedora, por compreenderes que aqui, és Luz...
És essa infinita possibilidade de amores, de cumplicidades, de diálogos íntimos, de segredos compartilhados...
Abrace-me e esqueça o tempo perdido, ele, o tempo, agora é nosso aliado e conspira a nosso favor...
Sim... És bem- vindo ao meu sacro labirinto, meu enigma, meu elemento interior exposto a ti, ao teu incomensurável universo e grandioso coração...
Saibas de mim... Sumo, popas maduras, escorrendo por entre os cantos, pelas entranhas silenciosas, dos sulcos intranqüilos e nervosos sendo tomados pelo ácido & mel...
...Saibas de ti em mim e de nossas histórias em livros e comunhões íntimas...
Reconhece em ti o caminho que trilhaste em mim compreendo o exercício infinito de ir e voltar sabendo-se em casa, sabendo-se um porto seguro...
Requeira a parte que te cabes...
Exija o sumo doce de dias melhores...
Compreenda nossa força possível e inimaginável...
Saibas que a Força em ti está... Fissura, feito ferida aberta, feito sangue exposto... Feito enfim, carne viva, pulsante e incontrolável...
Saibas que caminho para ti num ritmo desconexo, desproporcional, atípico, visceral...
Abre os portões...
Trago dessas andanças marcas indeléveis...Ufanismos, quimeras, lúdicos sonhos e desamores...
Não desejo que me cures, nem mesmo que trate de minhas feridas provocadas por grandes batalhas entre os que amam mais e melhor...
Saibas que retorno à tua casa...Pretensiosamente desejando que seja minha morada um tanto desejada e idealizada...
Reconhece-me em teus sonhos...
...Convida-me para fartar-me de teus sonhos & angústias, afinal, deles nossa história é construída e reconhecida...
Sou um homem de mares,
tempestades...
Desertos e matas...
Sei do silêncio das marés...
Do vazio de rostos e sonhos áridos...
Pescador de almas & também desilusões...
Nem sempre sei o itinerário...
Nem sempre sei das horas que aqui denuncio contar e compreender...
Tu és meu bálsamo benigno e a ti rogo remissão de pecados e sonhos...
A ti desejo sucumbir dias melhores...
A ti, reclamo nossos melhores sentimentos...
A mim, o legado das palavras, o intranqüilo momento de revelar...
De expor a carne viva, nua e revelando muito mais do que é possível compreender e suportar...
Aguarda dias melhores...
Aguarda nossos sorrisos...
Aguarda nosso encontro, por certo, breve ele será, e sendo, possamos ser detentores desse direito e então por fim, possamos viver a glória e conquista de nossos sonhos mais íntimos...
*Escrito em carne viva pensando em ti.
I choose to be as I meant to be beforehand,
I also choose to make the things I believe in,
Those things which haven’t taken place yet,
Not because they are not ready, but because they need to be grown enough in order to last longer.
In the middle of such longing supremacy
All my decisions were made,
Were also chosen to endure and face the inexorable feeling.
In the middle of such unique silence,
Where voices are heard,
Requests are made,
Souls are met,
Lost dreams are found,
Desperate desires are fulfilled,
Missing hours are turned into great presence,
Into this personal and unique silence,
All my feelings & thoughts are addressed to you,
whose traits were told apart,
were placed in the same direction,
Were finally and simply taken by all of us.
Gilbert Antonio
Ruidosamente vivemos a ambivalência do Aparecer sobre o Ser. Códigos de conduta antigos são renomeados em detrimento a sobreviver num universo de aparências. A linha tênue que separa a vaidade enrustida e o exercício de equilíbrio entre o que desejamos aparentar e o que pretendemos obter a partir disso, sinaliza uma grande descaracterização de nossa real identidade.
Presos ainda à necessidade de dar conta de expectativas externas e de igualmente atender às expectativas do pseudo-conceito coletivo, passamos a indistintamente e consequentemente desenvolver personas que, ao longo do tempo, encorporam-se a personalidade, aos traços sociais e aos relacionamentos humanos.
Permitimos que a vaidade desenfreada e maquiada seja a heroína na guerra contraditória de dois gigantes conflitantes: Vaidade X Auto-estima.
Em detrimento ao grande apego ao medo da rejeição neurotizada, ofertamos nossa essência à Fogueira das Vaidades – pois contraditoriamente e erroneamente deduzimos que seremos mais amados, mais aceitos se atendermos a este apelo – Ledo engano. Não serás mais amado e nem tampouco mais aceito, ao contrário, viverás de acordo com a necessidade ou indiferença do meio circundante.
Precisamos apreender ou até mesmo retomar nossas respectivas essências. A busca incessante, desenfreada por uma forma idealizada de estética, de beleza é sem sombra de dúvida uma maneira travestida de vaidade.
A linha tênue que separa a vaidade enrustida e o exercício de equilíbrio entre o que desejamos aparentar e o que pretendemos obter a partir disso, sinaliza uma grande descaracterização de nossa real identidade.
O presente artigo não têm e nem tampouco intenciona moldar o universo circundante, mas sinalizar que uma vez que somos vaidosos, temos a falsa impressão ou ilusão que mundo, pessoas e situações devem se adequar a nós e que tudo deve ocorrer no nosso tempo, de acordo com as nossas expectativas e da forma como desejamos, entretanto sabemos que, de fato, não é assim que funciona e nem tampouco acontece.
Just think about it!
A nossa geração perdeu a coragem, a pureza e a força. Almas modernas estão nuas e morrem esfomeadas. A nossa vida se arrasta penosamente em abnegação; mesmo o mais corajoso tem medo de si próprio. Fuga de qualquer espiritualização dos sentidos. Sacrifício estéril do espírito à ignorância, ao vulgar, ao banal. A pulsação da felicidade que bate dentro de nós, está ficando indolente. Nossos membros esmorecem, nossos sentidos se arruínam. Degeneramos a bonecos feios e somos perseguidos pela lembrança de paixões fervorosas, as quais nos metiam medo. São as metas doentias, os falsos ideais do nosso tempo. Ciúmes de coisas mortas. O traje de nossa época é abominável, sombrio, pesado. Nós nos desfazemos de fatos de fatos maçantes, gracejos usados. Podemos aturar violência brutal, podemos até nos deleitar com ela, mas a razão brutal é insuportável. Temos compaixão como todos, só não temos com o sofrimento, já que ele nos parece muito feio, vergonhoso e torturante. Existe algo de doentio na compaixão com a miséria em nosso tempo. Silencia-se muito pouco sobre a miséria da vida. O pecado original do mundo é que a humanidade se leva a si própria muito a sério, que ela toma demais propósitos fatídicos os quais resultam em experiências presunçosas que pretendem influenciar as leis naturais.A origem dessa seriedade desencontrada é pura vaidade. Às vezes ela nos proporciona um tipo de excitação estéril, voluptuosa, que exerce um certo estímulo na condição de caráter dos fracos. As verdadeiras tragédias da vida sucedem de uma maneira tão antiartística, que elas nos magoam por seu absurdo ridículo, por sua absoluta falta de estilo. Como todas as coisas banais, elas agem sobre nós com força bruta, e nós, em revolta eterna, nos opomos a isso. De vez em quando, no entanto, acontece um espetáculo em nossa existência que encerra dentro de si os elementos artísticos da beleza.
O presente momento é um registro de um acontecimento desses. A natureza de sua beleza (fáustica, que busca), não se orienta em sua veracidade apenas em nossa percepção para efeitos dramáticos - O instante, que deve demorar-se, por ser tão belo. De certa maneira nós nos reconhecemos e somos encantados pelo esplendor destas descobertas.
A estagnação da mente produz feiúra e gordura. As coisas se arrastam; o seu propósito é oferecer-nos o mundo todo como sacrifício. Elas nos lançam valores, nos apresentam os horrores da eternidade. Beleza!
O seu encanto é que ela é eterna...Abafada, pesada, artificial sem compreensão para com a arte
...O sacrifício dela própria no susto trivial do tempo. O mistério do romantismo, da paixão e do amor, o belo na morte. Afeto e alegria no som que se perde nas profundezas. Se tocarmos a verdadeira grandeza da existência em toda sua solidão, então estamos condenados à perdição, a desvanecer nos inatingíveis paraísos artificiais que se coalharam em arquétipos de expressivos espíritos humanos.
Vivemos em um tempo que raciocina demais para poder ser feliz e bonito. As vitórias não são mais conquistadas, elas nos são entregues sem sacrifícios. É chegado o momento em que devemos optar:
curiosidade pelo infinito lume da vida, prazeres delicados, alegrias selvagens, ou o peso torturante da vergonha eterna.
Beleza - opte você!
Faz-se silêncio
Somos filhos de uma sociedade que perdeu o norte?!Na verdade, somos as insuspeitas obviedades das contradições entre o desejo e uma felicidade que não se alcança nunca.
Precisamos ter coragem de desejar, para querer, pois nos é ensinado e igualmente imposto uma maneira formatada de reconhecer os sintomas psicossociais à realidade da epidemia de depressão e perda de referências claras, típicas da pós-modernidade.
Proponho que mexamos na ferida para obtermos a absolvição dos pecados do prazer em ser feliz desta maneira.
De fato existe uma distância entre a pessoa e o mundo; entre o que é desejado e o que é idealizado. Mimetizamos o conceito humano do que intencionávamos ser e do que realmente nos tornamos e, por fim, o que somos. Quando eu emito uma vontade, eu obtenho uma resposta – que é sempre insatisfatória. Existe um menos daquilo que eu peço o objeto do meu querer, e aquilo que eu recebi. O discurso é sempre incapaz de transmitir aquilo que eu quero, pois o que desejo demanda diferentes necessidades.
Este mal-estar atual pode ser identificado como “desbussolamento”. Perdemos o Norte e com ele, foi igualmente perdido a versão onírica de todos os sonhos possíveis e realizáveis.
Com a globalização as pessoas sofreram de despadronização de suas respectivas formas de ser. A tão propalada e defendida fórmula dos anos 90 ”Agora eu posso ser aquilo que eu quiser” caiu em desuso devido aos adventos do retorno ao falso moralismo. Um recuo claro no sentido de conter o incontrolável. Um busca pelo ser Onipotente e onipresente em busca de respostas e preenchimentos formaram séqüitos sem o oásis prometido.
A perda notória de referências de uma sociedade anterior verticalmente orientada - uma sociedade que possuía valores e objetivos comuns como: constituir uma família, ter uma empresa. O próprio país tinha uma estrutura de pirâmide.
Dos anos 60 para cá, pulverizamos os padrões. Não há necessidade real de rebelar-se, porque horizontalizamos o laço social. Nem tampouco, temos necessidade da garantia em reconhecer o padrão e nem colocar nossa felicidade de acordo com o modelo proposto. Nos anos 60 o futuro era bastante previsível e ajustável, de acordo com as facilidades de escolha, até porque haviam igualmente poucas escolhas. No momento atual, inventamos o futuro e podemos inclusive adaptá-lo às nossas necessidades.
Nossa nova sociedade é flexível e horizontalizada. Esta mesma sociedade que teve o poder de dissolver os limites em parte pela globalização, a qual transformou a identidade das pessoas e em parte pelo confronto constante com o outro. Estas duas diretrizes mudaram esta lei, perdendo com isso a identidade. Vivemos a depressão pós-mudança, pois nos foi ensinado ou sugerido pensar o pior de nós mesmos quando perdidos nos encontrássemos. Tudo o que imaginávamos, acreditávamos simplesmente sucumbiu, pois num hiato, num segundo tudo se perdeu.
A depressão tomou lugar e se estabeleceu silenciosa entre o excesso de fórmulas para o prazer. Surgiu nestes escapismos uma demanda solta de satisfação e sem nomeação. É como se precisássemos sempre de algo maior, mais desafiador, mais exato para uma felicidade temporária; na verdade, um acesso facilitador universal. Ou seja, daí eu tenho acesso à felicidade, não importa a referência, apenas o resultado imediato desta necessidade.
É chegado o momento de refazermos toda a vida social, pois tudo o que sabíamos não funciona mais – as formas como percebemos a vida, o trabalho, a sociedade, o estudo, a morte não se adaptam mais às necessidades vigentes. Refiro-me aqui a uma sociedade vanguarda, sedenta de um novo caminho para permear a vida e os sonhos. Falo de uma sociedade que precisa reinventar o espaço social dentro da globalização. Há novos laços sociais se formando, que pode responder a um tipo de prazer despadronizado, que está isento de sua interrupção pela depressão, pelas drogas, pelos fracassos e mazelas sociais.
Ao contrário das gerações anteriores e autistas esta é uma geração mutante, com monólogos articulados. Não há necessidade de estar próximo para obter compreensão. A base do amor não está no entendimento, mas ironicamente na forma expressada e revelada por esta geração. Podemos ter mais, sentir de forma diversificada sem, entretanto, solidificar e perdurar tal ideal. Relações horizontalizadas demandam cobranças de entendimento enquanto que relacionamentos fundamentados nesta mutação fundamentam-se essencialmente no afeto da globalização: Amizade.
Sugiro uma desautorização do sofrimento prêt-à- porter, como o ideal de beleza, anoréxico, o conceito e rigor estético apregoados pelos ditames atuais. Abaixo aos locais de felicidade pronta como Disneylândia – formas padronizadas de sofrimento. São péssimos curativos e meros paliativos. Precisamos respostas, soluções a essa miséria pronta, formatada e atual.
Possuímos uma sociedade hedonista, embora repleta de neuróticos e obsessivos que não conseguem se relacionar com o prazer, pois têm medo.
As pessoas desbussoladas, segundo Jorge Forbes, tendem ao medo de viver esse novo modelo de amor que a atual sociedade exige. São mais facilmente capturáveis pelos livros de auto-ajuda ou pelo primeiro objeto que lhe é ofertado, e aí consomem, porque acham que assim vão ficar bem.
O nosso prazer ainda se concentra em demasia em elementos de consumo. Este consumo é o que vivenciamos, tem na base uma covardia de responsabilidade por aquilo que se quer ou igualmente se procura. Um novo par de sapatos, um carro melhor, um novo apartamento passam fundamentar e determinar o grau de nosso prazer. Prazeres efêmeros e recepcionistas da Ilha da Fantasia. O que nos torna infelizes é desejar, uma vez o obj to de nosso desejo não realizado nos tornamos miseravelmente infelizes.
A sociedade de consumo tende a conviver com uma sociedade mais vanguarda que sabe que o novo amor, diferente do amor em nome dos conjuntos e vínculos tradicionais dispensa os argumentos que instalaram grandes doses de silêncio em nossas vidas e incitar-nos a viver a responsabilidade de dizer: quero esse amor e pronto.
Vivemos um novo processo no caminho da articulação de nossas solidões, talvez por isso a amizade, seja hoje, o grande ícone dos relacionamentos e solidariedades. Subsistem e se fundamentalizam. Tal articulação e conseqüência nos exigem a coragem de nos responsabilizarmos pelo que desejarmos e como incluirmos em nosso mundo pessoal, coletivo e co-participativo. Sabemos que nós, que, nos responsabilizamos pelos nossos próprios desejos, construiremos a base do prazer através do que vivenciamos, ao quanto nos comprometemos nesta transformação e obtenção.
Podemos apontar caminhos até então, insuspeitos e viver a natureza do prazer isenta de obviedades tacanhas.
Gilbert Antonio
Escritor, publicitário e artista plástico
Domingo, 28 de outubro de 2007.
12 horas e 39 minutos
My inner place.