quarta-feira, 2 de abril de 2008

ainda é noite em mim...



Ainda é noite em mim...
ainda as palavras são pronunciadas com sensações inóspitas...
ainda nos lábios o gosto salgado dos teus lábios pedintes....
ainda...
ainda tudo persiste absoluto, impassível, intransigente...
Ainda ouso desocupar o closet,
guardar os porta-retratos...
ainda ouso perseguir todo e qualquer traço, movimento ou objeto que possa de alguma maneira, lembrar ou regurgitar você...
ainda retenho o teu cheiro impregnado em minhas camisas...
entre minhas cartas,
entre meus sonhos mais íntimos...

ainda descubro-me tocando em meu corpo como tu apreendeste a me tocar...
essa sensação intransigente correndo por toda a espinha... um frêmito...
sutil e traiçoeiro , escorrego para o fundo infinitamente belo de teus odores reincidentes...
Ainda assim,
Ainda que eu não queira... teimo e bato o pé...
Guardo em minhas mãos o movimento corajoso até suas pernas...até o seu centro nervoso... sua respiração arfante... ali, onde descanso minhas mãos e ali, onde nada precisa ser explicado porém tudo está explicitado... como se soubéssemos... na verdade, ainda sabíamos...
Ainda assim, eu escrevo, blasfemo...
Ainda assim, me excito e vocifero: pária , filha-da-puta!
Respiro...
é chegado o momento de entregar-me aos prazeres silenciosos...
ainda....

gilbert antonio
00:04
Thursday
Into the sacred space beyond me...

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